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Diretor-Geral da Klabin traça panorama do setor em entrevista para Empapel News

A Empapel News começa 2022 com entrevista com Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin. Graduado em Comércio Exterior pela Universidade Paulista, com MBA em Comércio Internacional pela FIA e mestrado em Logística pela Ecole Supérieure des Affaires (França), o líder da Klabin atua como Embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas. Foi eleito “International CEO of the Year” em 2021 pela Fastmarkets RISI, e está na lista da Época Negócios entre as personalidades comprometidas com o futuro do planeta.

Na Klabin, iniciou como Diretor de Supply Chain, foi Diretor Executivo das Divisões de Papelão Ondulado, Sacos Industriais, Papéis Sackraft e Containerboard, e Diretor Executivo de Conversões e Comercial Papéis. Desde abril de 2017, é Diretor-Geral da Companhia. Tem mais de 30 anos de experiência profissional em diferentes setores, como celulose e papel, florestal, metalúrgico, cerâmico e de óleo e gás. Sua carreira foi construída em posições nas áreas comercial, de logística, planejamento operacional e projetos.

Os dois últimos anos, marcados pela pandemia de Covid-19, foram sem precedentes para a indústria. Como a Klabin enfrentou e tem enfrentado os desafios diante desse cenário?

Todo o setor industrial sentiu os efeitos da pandemia em sua produção, suas vendas, sua relação com colaboradores e, por consequência, em seus resultados.

Dentro de casa, nos adaptamos de forma muito rápida à nova realidade, garantindo a manutenção de nossas atividades, essenciais para a população. Adotamos os mais rigorosos protocolos de segurança e higiene em todas as nossas unidades para que as pessoas que precisavam continuar a trabalhar presencialmente pudessem se sentir seguras para cumprir com as suas atividades. Os colaboradores receberam todo treinamento, equipamentos e cuidados necessários para sua proteção. E as posições que permitiam trabalho remoto foram prontamente apoiadas para que permanecessem em suas casas, também com todo apoio da companhia, tanto no que se refere à equipamentos e acessos, quanto aos cuidados físicos e psicológicos.

A rápida adaptação em momentos de crise permitiu que seguíssemos atendendo aos mercados de itens de primeira necessidade, em especial os segmentos de alimentos industrializados e in natura, higiene pessoal, hospitalar e produtos de limpeza. Hoje, cerca de 80% de nossa produção total é direcionada a estes segmentos, considerados de primeira necessidade, e que são mais estáveis e resilientes se comparados a outros setores da economia.

Como pudemos acompanhar, a pandemia elevou a procura por embalagens. O volume de vendas online aumentou significativamente e o e-commerce se consolidou no período, antecipando as projeções futuras para o segmento. Na minha percepção, essa realidade veio para ficar. As pessoas continuarão comprando pela internet e recebendo seus produtos no conforto de seu lar. E isso amplia ainda mais as possibilidades para o nosso mercado de embalagens de papel.

Um outro olhar importante que gostaria de ressaltar com relação a este período foi, sem dúvida, a mobilização das diferentes esferas da sociedade para minimizar os impactos da pandemia. Na Klabin, disponibilizamos cerca de R$ 34 milhões em recursos para ações voltadas à saúde e assistência social, principalmente nas regiões onde temos atuação.

Saímos desse momento, com certeza, muito mais fortes, pois o sentimento de pertencimento, de cuidado e de olhar para o futuro, que sempre fizeram parte da nossa cultura corporativa, passaram nesta grande prova. É claro que ainda há muito a ser feito.

O Sr. foi eleito pela presidência da COP-26, conferência do clima da ONU, como um dos seus 10 embaixadores empresariais no mundo. Quais são, na sua opinião, os grandes desafios a serem enfrentados em relação às mudanças climáticas?

A COP-26 foi um momento crucial para debatermos as mudanças climáticas e encontrarmos meios de preservarmos o futuro do planeta. Veja, foram quase 200 países reunidos em torno de um enorme desafio que resultou em um grande acordo multilateral.

Na minha visão, o evento atingiu os seus objetivos, dentro de uma racionalidade do que era possível atingir, em especial por que temos uma sinalização positiva com relação ao fim do desmatamento. Também tivemos importantes avanços para a criação de um mercado global de carbono, o que de certa forma será benéfico para as metas que temos que cumprir. Outros compromissos, como a redução gradativa do uso do carvão como fonte de energia e o corte de 30% nas emissões de metano, também merecem destaque entre os resultados positivos desta edição.

Agora, temos um enorme desafio que passa pelo ritmo da descarbonização no mundo, bem como contribuir para o financiamento climático voltado aos países em desenvolvimento. As metas estão postas, é preciso criar mecanismos para cumpri-las, e rapidamente. Estamos falando de matrizes energéticas majoritariamente oriundas de fontes fósseis em todo o mundo, de uma curva de desmatamento que, como vimos recentemente no Brasil, subiu em níveis alarmantes. É preciso agir e pensar em soluções não só de longo prazo, mas para já.

De toda forma, os avanços alcançados representam o aumento do engajamento de players importantes para seguirmos ampliando as ações necessárias para restringir o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C. Não adianta pensarmos, neste momento, só em quanto cada país ou cada empresa irá ganhar com a regulamentação do mercado de carbono, por exemplo. Temos que pensar em quanto o nosso planeta vai ganhar, ou parar de perder, com a redução até zero das emissões dos gases do efeito estufa o quanto antes. Essa verdadeira corrida para o NetZero precisa ser compartilhada entre todos os participantes. Esse será um grande desafio de transformação, de transição para um modo mais sustentável. Vivemos um tempo decisivo para agir contra as mudanças do clima.

Em relação ao mercado de crédito de carbono, como enxerga a posição do Brasil, atualmente?

O Brasil, por suas características naturais e diferenciais ambientais, como grandes áreas florestais, matriz energética majoritariamente limpa e vocação à sustentabilidade, só tem a ganhar com a regulamentação do mercado global de carbono, que torna a agenda de baixo carbono muito positiva para o país. O Brasil há muitos anos preserva suas florestas, isso precisa ser reconhecido.

A adicionalidade é um pré-requisito para obter certificados de carbono. Por exemplo, uma nova cobertura vegetal, ou seja, florestas adicionais como vemos no trabalho de recuperação de áreas degradadas ou mudança do uso de solo para novas culturas que favoreçam a remoção e fixação do carbono. Ainda, o investimento em tecnologias de baixo carbono para a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis, como biomassa, licor preto, bio óleo etc, além de ampliar o uso de energia eólica, solar e hidráulica.

Quais são as expectativas da empresa para 2022?

Os últimos dois anos foram muito importantes do ponto de vista de resultados, de desenvolvimento de novos produtos e serviços, de entrega de grandes projetos, como a primeira máquina de papel do Projeto Puma II e o novo terminal de contêineres no Paraná, e de manutenção de grandes investimentos, com a continuidade das obras da segunda máquina de papel do Puma II, bem como em tecnologias verdes. Tudo o que passamos demonstra mais uma vez a capacidade da Klabin de capturar as oportunidades de mercado e entregar sólidos resultados em diferentes cenários econômicos. Em 2022, seguiremos firmes em nossa visão de longo prazo, avaliando as possibilidades que permitam a expansão da companhia.

Com quase 123 anos de história, a companhia segue uma gestão orientada para o Desenvolvimento Sustentável, buscando o crescimento integrado e responsável, que une rentabilidade, desenvolvimento social e compromisso ambiental.

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