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Entrevista com Rogerio Berardi, Diretor da Linha de Negócios Papel, da Valmet

Rogerio Berardi é Diretor da Linha de Negócios Papel, Área América do Sul, da Valmet Celulose Papel e Energia. Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Mackenzie com pós-graduação em Administração de Empresas também pela Universidade Mackenzie, e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Universidade de São Paulo.

O profissional é responsável por liderar a Linha de Negócios de Papel, incluindo P&L e vendas de tecnologias de Papel, Cartão, Tissue e Preparação de Estoque combinadas com nossas ofertas exclusivas de Serviços, Automação e Internet Industrial. Iniciou sua trajetória na Valmet em agosto de 2015, depois de trabalhar na indústria de Papel e Celulose por quase 20 anos. Bernardi é o entrevistado de junho da Empapel News.

Conte-nos um pouco sobre a empresa. Origem, desde quando trabalha nesse segmento e área de atuação.

A Valmet é uma empresa líder global no desenvolvimento e fornecimento de tecnologias de processo, automação e serviços para as indústrias de celulose, papel e energia. Com soluções de automação, válvulas e controladores de fluxo, a Valmet atende uma base ampla de indústrias de processo, visando ser uma campeã global no atendimento aos clientes. Com mais de 17 mil profissionais, a Valmet possui uma história industrial que ultrapassa os 220 anos. Em 2022, a empresa Neles Corporation foi incorporada pela Valmet. A Valmet América do Sul opera com unidades em Araucária (PR), Sorocaba (SP), Belo Horizonte (MG), Imperatriz (MA), no Brasil, e Concepción, Antofagasta e Santiago, no Chile.

Baseada em sua missão de converter recursos renováveis em resultados sustentáveis, a Valmet desenvolve tecnologias e soluções para a produção de celulose, papel e energia, com foco no aumento da eficiência energética, redução do consumo de água e matérias-primas, menor geração de resíduos e redução de emissões nos processos de produção de seus clientes e em suas próprias operações.

Cabe destacar que as vendas líquidas combinadas da empresa em 2022 foram de aproximadamente 5,1 bilhões de euros, com base nos respectivos números da companhia. As ações da Valmet estão listadas na Nasdaq Helsinki e a sede está localizada em Espoo, Finlândia.

Rogerio Berardi, Diretor da Linha de Negócios Papel, Área América do Sul, da Valmet Celulose Papel e Energia

Como a empresa enxerga sua jornada dentro do universo da inovação?

A Valmet acredita que uma simples ideia pode se transformar em uma grande solução. Somos líderes de mercado e estamos classificados entre os três primeiros em todas as linhas de negócios em que atuamos. Ainda assim, nos reinventamos e inovamos diariamente para permanecer no topo e continuar liderando no futuro. Atualmente, temos 1.300 invenções patenteadas.

Nosso objetivo em pesquisa e desenvolvimento é criar novas tecnologias, produtos e serviços que atendam às necessidades dos clientes e ajudem a lidar com algumas das megatendências globais mais importantes, como o aumento da eficiência de matérias-primas, água e energia, a promoção do uso de matérias-primas renováveis e a redução de emissões. Para isso, contamos com mais de 400 colaboradores nas áreas de P&D e 24 instalações-piloto.

A oferta exclusiva de produtos e serviços da Valmet é baseada na tecnologia líder e no desenvolvimento contínuo de novas soluções para melhorar o desempenho de nossos clientes. A Valmet lança cerca de 100 novos produtos no mercado todos os anos, muitas vezes em estreita cooperação com nossos clientes ou em parceria com universidades e institutos de pesquisa líderes em todo o mundo.

 Conte-nos um pouco sobre as inovações mais recentes da empresa.

Preocupada em estreitar a colaboração com seus clientes em todos os seus principais processos – desde o desenvolvimento de produtos até a comercialização de novas soluções -, em 2022, a Valmet lançou um novo programa de P&D e inovação chamado Beyond Circularity. Esse programa é destinado a melhorar a preparação da Valmet para apoiar a transição verde nas indústrias de clientes da Valmet com base na visão tecnológica da empresa.

O programa visa fortalecer ainda mais o trabalho de P&D da Valmet para desenvolver tecnologias de processo, automação e serviços para utilização de materiais renováveis e resíduos reciclados e fluxos secundários. O programa também permite que a Valmet melhore ainda mais a eficiência energética de suas tecnologias de processo e permite uma mudança para o uso de energia livre de fósseis nos processos de produção de seus clientes da indústria de papel e celulose.

Quanto do investimento da empresa é destinado a inovação e tecnologia? Pode ser uma porcentagem.

Em 2022, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Valmet totalizaram EUR 95 milhões, ou seja, 1,9% das vendas líquidas (EUR 82 milhões e 2,1%) e contando com 471 pessoas apenas nessa área.

O trabalho de pesquisa e desenvolvimento é realizado predominantemente na Finlândia e na Suécia, dentro das organizações de P&D e instalações-piloto das linhas de negócios. Além disso, a pesquisa e o desenvolvimento ocorrem dentro de uma rede de clientes, fornecedores, institutos de pesquisa e universidades.

O P&D da Valmet é baseado nas necessidades dos clientes, como melhorar a produção e a eficiência dos recursos, maximizar o valor das matérias-primas, fornecimento de novos fluxos de receita e desenvolver inovações e tecnologias.

Pode nos dar um exemplo de algum produto/máquina/ferramenta que tenha sido criado ou desenvolvido pela empresa, já existente?

A Valmet possui uma completa linha de produtos para atender ao mercado de papel e celulose no Brasil e no mundo. Como parte desse portfólio, destacam-se duas máquinas de papel: MP27 e MP28. A MP27 revolucionou a indústria de papel embalagem com um novo tipo de Kraftliner, produzido com 100% de celulose de fibra curta do eucalipto – EukalinerTM. Essa inovação oferece inúmeras vantagens, tais como: melhor resultado da resistência até a compressão, melhor qualidade de impressão e competitividade da fibra de eucalipto.

Já a MP28 trouxe para o mercado uma solução inovadora capaz de produzir uma ampla variedade de papéis de alta qualidade, desde kraftliner até cartões revestidos, utilizando polpas de celulose marrom de Eucalipto e Pinus, celulose branqueada de Eucalipto e Pinus, e BCTMP. Entre os produtos fabricados, destacam-se o Folding Box Board (FBB) e o Liquid Packaging Board (LPB), com capacidade para adicionar a produção de cartões biorrevestidos.

Qual é a relação da empresa com startups ou universidades em relação à inovação ou tecnologia?

A Valmet mantém uma interação muito estreita com universidades e instituições de pesquisa para impulsionar a inovação e a tecnologia. Em 2023, a empresa foi classificada como o segundo empregador mais atraente para estudantes de engenharia na Finlândia pela Universum Talent Research.

Além disso, a Valmet possui parcerias em renomadas instituições, como Aalto University, Jyväskylä University, Tampere University of Technology, Åbo Akademi e VTT, na Finlândia; Chalmers, KTH, Uppsala University, Umeå University, Mitt Universitet e Innventia, na Suécia; SINTEF, na Noruega; Universidade Federal de Viçosa e Universidade Federal de Santa Catarina,no Brasil; e Instituto Asiático de Tecnologia AIT, na Tailândia.

A Valmet também é uma parceira associada da ECIU University, uma iniciativa financiada pela União Europeia que visa criar um modelo educacional inovador em escala europeia.

Acredita que as embalagens de papel ou papelão ondulado podem ser consideradas mais positivas e menos agressivas ao meio ambiente?

Existem várias razões pelas quais as embalagens de papel ou papelão ondulado podem ser consideradas mais favoráveis e menos prejudiciais ao meio ambiente:

  • Renovabilidade: o papel e o papelão são obtidos de recursos renováveis, provenientes de árvores que podem ser replantadas, ao contrário de materiais como plástico ou metal, produzidos a partir de recursos não renováveis. Portanto, o uso de papel e papelão contribui para a conservação dos recursos naturais.
  • Reciclabilidade: as embalagens de papel e papelão são facilmente O papel é um dos materiais mais reciclados em muitos países, o que contribui para reduzir a demanda por matéria-prima virgem, além de economizar energia e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
  • Biodegradabilidade: o papel e o papelão são materiais biodegradáveis, o que significa que eles se decompõem naturalmente ao longo do tempo, sem deixar resíduos prejudiciais ao meio ambiente. Baixa pegada de carbono: a produção de papel e papelão tem uma pegada de carbono relativamente baixa em comparação com outros materiais de embalagem, como plástico ou metal. Além disso, as árvores utilizadas para a produção de celulose absorvem dióxido de carbono da atmosfera durante o seu crescimento, contribuindo para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
  • Fonte de energia renovável: a indústria de papel e celulose também pode aproveitar a biomassa residual para gerar energia renovável, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

No entanto, é importante ressaltar que, assim como em qualquer indústria, é necessário adotar boas práticas e buscar constantemente a melhoria dos processos para minimizar os impactos ambientais. Isso inclui a gestão responsável dos recursos naturais, a redução do consumo de água e energia, o controle adequado de emissões atmosféricas e o desenvolvimento de soluções de embalagens mais sustentáveis. A colaboração entre os diversos setores da sociedade também é fundamental para promover a economia circular e aumentar a reciclagem de embalagens de papel e papelão.

Como considera o mercado de embalagens no passado, presente e futuro?

No passado, o mercado de embalagens era dominado principalmente por materiais como plástico, vidro e metal. O papel e a celulose eram amplamente utilizados, mas em menor escala. As embalagens de papel eram muito usadas em produtos como caixas de papelão ondulado para transporte, e em sacos de papel para embalar alimentos.

No presente, o mercado de embalagens está passando por uma mudança significativa. Impulsionado pela crescente conscientização ambiental e demanda por soluções mais sustentáveis, o papel e a celulose estão ganhando popularidade como materiais de embalagem. Os consumidores estão cada vez mais valorizando embalagens ecologicamente corretas, e as empresas estão respondendo a essa demanda com uma ampla gama de opções de embalagens de papel, incluindo caixas, envelopes, sacos e rótulos.

No futuro, espera-se que o mercado de embalagens de papel e celulose continue a crescer. A ênfase na sustentabilidade e na redução do impacto ambiental impulsionará ainda mais a demanda por embalagens de papel e celulose. A inovação tecnológica e de design permitirá o desenvolvimento de embalagens mais leves, resistentes e personalizadas, atendendo às necessidades específicas de diferentes setores. Além disso, a digitalização e a tecnologia de rastreamento podem desempenhar um papel importante, fornecendo informações sobre a origem e a autenticidade dos produtos embalados.

No entanto, é importante destacar que o mercado de embalagens é diversificado e continua a evoluir. Outros materiais, como plásticos biodegradáveis e materiais compostáveis, também estão ganhando importância. Portanto, é fundamental que a indústria de papel e celulose continue investindo em pesquisa e desenvolvimento, colaborando com outras indústrias e se adaptando às necessidades em constante mudança dos consumidores e do mercado.

O que seria a embalagem do futuro?

Há uma forte demanda por materiais renováveis à base de fibra para substituir os plásticos, e o futuro parece muito promissor para produtos como papel cartão, papelão ondulado e cartão líquido. A vantagem é enorme – por exemplo, a indústria de alimentos está procurando novas maneiras de produzir embalagens neutras em sabor e odor, com uma pegada ambiental mínima.

As empresas estão muito dispostas a investir em embalagens de base biológica, até porque os consumidores estão cada vez mais esperando por isso. Veremos muitas soluções inovadoras no campo das embalagens no futuro, impulsionadas pelo poder da inovação e pela busca por embalagens mais sustentáveis, recicláveis e biodegradáveis.

Qual a contribuição da empresa para o desenvolvimento sustentável, na perspectiva da economia circular?

A economia circular é parte integrante das soluções da Valmet para produção de celulose, papel e energia. Por meio de nossa oferta de tecnologia, automação e serviços, desempenhamos um papel fundamental ao permitir que nossos clientes apliquem uma economia circular em suas operações. Em nossas próprias operações, estamos constantemente aprimorando nossos processos para aumentar a eficiência dos recursos e maximizar o uso de materiais reciclados em nossa tecnologia.

Um exemplo é o OptiConcept M, um conceito modular para fabricação de papel e cartão que combina as vantagens da padronização com a adaptabilidade modular. Os processos e as soluções modulares, definidos em larguras de máquina fixas otimizadas, permitem o projeto de linhas individuais que atendam às diversas necessidades e objetivos dos clientes.

O OptiConcept M oferece economias significativas no uso de energia, água e matéria-prima, além de segurança e usabilidade, tudo isso em um design compacto que resulta em uma pegada de carbono menor. A seguir estão os dados que comprovam as economias geradas pelo conceito modular.

As soluções de automação e Internet Industrial da Valmet também permitem a análise de dados para detectar ineficiências de produção, otimizar o uso de materiais e a qualidade do produto final. Além disso, contratos de performance fornecem uma abordagem abrangente para melhorar a eficiência da produção em toda a fábrica. A Valmet é a única empresa no mercado com uma oferta abrangente, que integra a tecnologia de processos, automação e serviços.

Como exemplos das melhorias em eficiência de recursos em nossas próprias operações, realizamos auditorias de energia regularmente, cumprimos os padrões de qualidade e ambientais, e aplicamos os princípios LEAN. Também buscamos prolongar a vida útil de nossos equipamentos de produção, e quase 100% das máquinas de papel e caldeiras elétricas fornecidas pela Valmet podem ser recicladas.

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