A Empapel News de fevereiro entrevistou Viviane Bittencourt, responsável pela coordenação de pesquisas com empresas e consumidores da Fundação Getúlio Vargas – além dos dados da Empapel – para uma conversa sobre o mercado. Mestre em Finanças e Economia Empresarial pela Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE/FGV) e bacharel em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Viviane coordena dados da indústria que servem de referência para sinalizar os rumos da economia.
Atua na FGV/IBRE há 20 anos e atualmente é Superintendente Adjunta de Ciclos Econômicos do IBRE, responsável pela coordenação de pesquisas com empresas e consumidores, produção de indicadores antecedentes e coincidentes da economia da FGV e dos boletins mensais da Empapel.
Qual a importância do uso de dados para potencializar as estratégias de negócios da indústria?/
As estatísticas da EMPAPEL são extremamente relevantes para o acompanhamento da economia e funcionam como um termômetro para a atividade econômica industrial, pois a indústria de embalagens em papel e papelão ondulado não trabalha com estoques. Portanto, o crescimento da expedição significa um aumento na produção industrial.
O segmento mostrou forte desempenho durante a pandemia, devido à demanda por embalagens. A mudança nas formas de comercialização e delivery pelas empresas e dos hábitos dos consumidores, que passaram a demandar um volume maior de produtos diretos da Internet, evitando assim a presença em lojas físicas, devido ao risco de contaminação, fizeram com que e-commerce aumentasse muito no Brasil. Assim, a expedição de papelão ondulado atingiu recordes históricos consecutivos.
Há quanto tempo os estudos são feitos para a associação e como eles são realizados?
Desde 2009, o FGV/IBRE vem produzindo as estatísticas da associação, ainda como ABPO. São coletados mensalmente dados de empresas produtoras de papelão ondulado que representam cerca de 74% da expedição brasileira cujos dados expandidos representam o total produzido no Brasil.
A revisão das empresas produtoras é feita regularmente mantendo atualizado os pesos de cada empresa no universo de produtores do segmento e as estatísticas são produzidas garantindo o sigilo das informações individuais das empresas.
Como você analisa esse momento da economia, pós pandemia, e como os números podem ajudar a enfrentar a fase conturbada?
A economia passa por um momento desafiador, com o recrudescimento da pandemia e, com o fim dos benefícios emergenciais, é esperado um arrefecimento da atividade econômica no primeiro trimestre desse ano. Consumidores mais cautelosos devem diminuir consumo de bens e serviços, mas o setor ainda deve se manter aquecido, já que mais de 40% da expedição segue para produção de alimentos, um dos itens priorizados desde o início da pandemia, atrelado à mudança nos hábitos dos consumidores, gerando crescimento de novas formas de comercialização pela Internet.