Os desafios para preservação do planeta em consonância com o avanço econômico são muitos. A Economia Circular, novo pensamento de organização social e econômica, que propõe a transformação do modelo atual de produção, utilização de matéria-prima e geração de emprego em algo mais sustentável, a partir do reaproveitamento inteligente, é uma das saídas trilhadas pelas empresas mais engajadas no assunto.
Margot Doi Takeda, sócia-fundadora e diretora de criação da A10, consultoria de estratégia de design, marca e inovação, é uma das vozes que na linha de frente auxiliando empresas a conseguir soluções para o problema.
Ela ministrou a palestra “o papel do design da embalagem na economia circular“, em webinar promovida por Empapel, Ibá e Two Sides, mostrando que o design de novos produtos e processos possibilita o aproveitamento inteligente dos recursos que já se encontram em uso no processo produtivo.
Lógica circular
“Na lógica circular”, ela diz, “precisamos de um olhar macro, considerando não apenas o usuário, mas o sistema dentro do qual o projeto existirá”. Ou seja, é preciso pensar o design de uma embalagem para impactar positivamente toda a cadeia produtiva e de consumo, com foco na utilização e reutilização de matéria-prima, geração de emprego e comunicação com o consumidor final, também importante agente no processo de sustentabilidade.
As marcas já compreenderam a questão. Mas esse era só o primeiro desafio. Agora, surgem muitos outros. É preciso criar, inovar, investir em pesquisa, produzir e comunicar. Para Takeda, reforçar a marca por meio de uma estratégia de inovação circular é uma maneira de construir lealdade com o cliente. Mas, ainda segundo ela, encontrar a mensagem precisa é fundamental.
Isso porque cada vez mais as pessoas estão engajadas em apoiar empresas com base em uma “conexão emocional”. Em outras palavras, é essencial para uma marca ter seu trabalho baseado em segurança ambiental, social e corporativa.
Pesquisa global
Pesquisa global mais recente da Accenture Strategy, com quase 30 mil consumidores, como mostra Takeda em sua palestra, constatou que 62% dos clientes querem que as empresas se posicionem sobre questões atuais e amplamente relevantes, como sustentabilidade, transparência ou práticas justas de emprego.
Não é pouca coisa. Mais do que isso, é um alerta às empresas que ainda acham que a preocupação é apenas “moda”.
O cenário, pois, é propício à inovação. Nesse sentido, as embalagens são um rico campo de pesquisa e criação. Takeda sugere práticas como reuso das embalagens para várias finalidades, o que inclui pensar estratégias também de compartilhamento, remanufatura e recondicionamento; embalagens que ajudem a educar o consumidor; utilizar materiais de fontes renováveis; e redução de embalagens secundárias e terciárias.
Assim, o papel se apresenta como um dos materiais mais viáveis para a economia circular. O papel, cartão e papelão já são uns dos materiais mais reciclados do planeta, com cerca de 67% (no Brasil) ou 80% (na Europa) de tudo o que é produzido sendo reutilizado.
A importância das embalagens na economia
O setor há muito se deu conta de sua importância na cadeia. Investiu e segue investindo pesado nisso.
Todo e qualquer esforço em busca de inovações no design de embalagens é bem-vindo. O consumidor final espera por isso e vai apoiar qualquer marca que invista em soluções inteligentes para a preservação do meio ambiente e dos ganhos sociais e econômicos da comunidade.
Esse é o melhor papel que uma marca pode desempenhar.