Importante especialista no tema “embalagem” no país, Assunta Napolitano Camilo é diretora do Instituto de Embalagens, que em 18 anos já formou 16 mil profissionais capacitados, realizou 100 cursos e 136 eventos, além da publicação de 23 livros.
Graduada em Engenharia Mecânica e especialista em Administração Industrial, ambas pela USP. Com mais de 40 anos de atuação no setor de embalagens, acumula experiência nas áreas de desenvolvimento, planejamento estratégico e gestão de importantes empresas no setor. Recentemente lançou “Embalagem Mundo Afora” e concedeu essa entrevista para a Empapel News de fevereiro.
Quanto tempo levou para ficar pronto “Embalagens Mundo Afora” e quais as suas fontes de referência?
O novo livro bilíngue “Embalagens Mundo Afora” começou a ser pensado no início de 2020, mas sempre foi um desejo pessoal antigo. O Instituto de Embalagens tem um acervo de mais de 40 mil embalagens, que é fruto de minhas visitas aos pontos de venda mundo afora. Já visitamos mais de 80 países. As feiras internacionais também foram importantes fontes de referência, pois lançam novos produtos, tendências e inovações.
É possível conhecer a cultura de um povo pelas gôndolas dos supermercados e os produtos que esse povo consome? Como isso se dá?
Sim, é possível conhecer a cultura de um povo nas gôndolas dos supermercados e os produtos consumidos. A embalagem é uma importante ferramenta de comunicação que conversa com os consumidores no ponto de venda. O design da embalagem através das cores, das formas, dos símbolos e personagens contam histórias, tradições e os costumes de um país.
Existe uma diferenciação entre embalagens de produtos nas variadas regiões do Brasil?
Sim, pois o Brasil é um país multiétnico formado por vários povos e diferentes culturas. Essa mistura de indígenas, africanos, orientais, europeus resultou num país com uma enorme diversidade cultural. As embalagens se diferenciam para contar as tradições, como por exemplo, na região Sul, onde predominam as vinícolas. Os rótulos valorizam a origem centenária de marcas, como a vinícola Miolo, que estampam o brasão da família italiana. No Nordeste, a cajuína é uma bebida bem popular. O refrigerante de caju São Geraldo é produzido desde 1976, na região do Cariri, no Ceará, e mantém a mesma ilustração da sua principal matéria-prima e as mesmas cores em seu rótulo. Tradição mantida na embalagem e na memória afetiva dos seus consumidores.
Como surgiram as primeiras embalagens em papel?
O primeiro uso do papel ondulado para embalagens foi feito por um americano, Albert L, em 1871. Ele obteve uma patente para o uso de papel ondulado para embrulhar itens frágeis, como garrafas. Em 1874, novamente nos Estados Unidos, Olivier Long patenteou o conceito de adicionar um forro ao papelão ondulado para maior rigidez.
Conte-nos um pouco sobre a Future Pack e o Instituto da Embalagem. O que considera ser a embalagem do futuro?
A FuturePack é uma empresa de consultoria em embalagens, que atua há 25 anos no desenvolvimento de novos mercados, pesquisa de tendências e inovações, pesquisas amplas ou restritas, planejamento estratégico, desenvolvimento de embalagens. O nosso objetivo é sempre compartilhar valor e gerar impactos positivos que contribuem para o crescimento da cadeia de valor de embalagens. E foi prestando consultoria na FuturePack que eu percebi que o mercado era carente de conhecimento sobre embalagens. Daí nasceu o Instituto de Embalagens em 2005, que este ano completa 18 anos, com mais de 16 mil profissionais capacitados, 100 cursos realizados e 136 eventos e 23 livros publicados. Seguimos fortes e focados em nossa jornada de conhecimento para capacitar cada vez mais profissionais e promover o desenvolvimento de embalagens melhores para um mundo melhor.
A embalagem do futuro vai continuar protegendo e estendendo a vida do produto até chegar ao seu destino e atendendo as necessidades dos consumidores, com tecnologia, inovação e sustentabilidade. Quero ver a embalagem sendo amplamente utilizada como ferramenta de educação ambiental e consumo consciente. Quero ver a embalagem como ferramenta de inclusão social, dando autonomia para deficientes visuais e auditivos, para fazer suas escolhas no ponto de venda.