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Entrevista com Uibira Bernardi, diretor-executivo do Grupo Boticário

Uibira Bernardi é Diretor-Executivo de Supply Chain do Grupo Boticário. Com 18 anos de experiência neste segmento, atuou em diversos setores, como S&OP, Planejamento Integrado, Gestão de Estoques e Logística.

Graduado em Engenharia Civil (UFPR), pós-graduado em Logística (PUC-PR), o profissional é professor de disciplinas de Supply Chain na PUC-PR, Insper SP e certificado CPIM – Certified in Production and Inventory Management (APICS).

O Grupo Boticário é um ecossistema de beleza com 9 marcas que atendem diferentes perfis brasileiros (O Boticário, Eudora, Quem Disse Berenice?, Vult, O.U.I, BeautiBox, Beleza na WEB, Dr. Jones e Truss). O grupo, que nasceu em 1977, hoje conta com mais de 4 mil lojas físicas, em mais de 50 países, mais de 15 mil colaboradores diretos e é líder no e-commerce de beleza no Brasil. A Empapel News entrevistou Uibira Bernardi para a edição de maio. Ele falou sobre novos desafios para o Supply Chain e como o Grupo Boticário vem desenvolvendo novas estratégias no Congresso anual da ABRE, que aconteceu em 24 e 25 de maio.

Em que medida o supply chain do varejo vem se atualizando, no sentido de atender as demandas do consumidor por embalagens mais sustentáveis, e o que mudou estrategicamente em termos de embalagens no Grupo Boticário nos últimos 10 anos?

Desenvolvemos, em média, 4.500 novos SKUs (unidade de manutenção de estoque) por ano, sendo que 2.500 chegam ao mercado. Investimos aproximadamente 1,5% da RL do grupo em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), grande parte desse investimento é direcionado para pesquisa de novos materiais e cadeias de embalagem com foco em abastecimento sustentável junto aos nossos parceiros.

Estrategicamente, temos evoluído em alguns pilares que, como um dos maiores players do mercado de beleza do mundo, nos permite mover o ponteiro da cadeia, via desenvolvimento de parceiros.

Posso citar exemplos como a refilagem: 50% dos produtos lançados em 2022 possuem refil, o que permite que seja utilizado 80% menos material nas embalagens. Avançamos no uso de material reciclado nas embalagens como cartuchos com papel reciclado e reciclável em mais de 70% dos itens desenvolvidos. Recentemente, lançamos Boti Sun, linha de protetor solar, com embalagem de plástico reciclado, a partir de material retirado do litoral de São Paulo.

Avançamos também na pesquisa e no uso de plástico PCR (reciclado pós-consumo) em nossas embalagens. O uso de PCR plástico ainda é um desafio em uma cadeia pouco desenvolvida, dada a complexa a interação com produtos cosméticos. E lançamos a primeira embalagem de batom monomaterial do país com a linha Intense.

Com todas estas ações e o contínuo processo de inovação junto aos nossos parceiros, reduzimos a relação mássica em aproximadamente 30% nas embalagens dos novos produtos; isso significa reduzir a quantidade de material de embalagem em relação à quantidade de granel.

Outro ponto que vale a pena destacar é que possuímos o maior programa de retorno de embalagens no país, o Boti Recicla. Todos os nossos pontos de venda estão habilitados para receber o retorno das embalagens pós-uso e dar o destino correto em nosso programa de logística reversa.

Como o Grupo Boticário tem trabalhado com a complexidade da cadeia de abastecimento em um modelo de multicanalidade?

A evolução de um modelo de operação monomarca, como nascemos, para um modelo multimarca e multicanal nos permite estar presente na vida de nossos consumidores através de distintas formas e assim podermos levar nossos produtos de acordo com as expectativas e necessidades.

A administração de um modelo multicanal traz uma maior complexidade em preparar a cadeia, através de planejamentos mais exigentes, com maiores incertezas e com inúmeras variáveis, nem sempre conhecidas. Exemplos disso são os lançamentos e ações comerciais que se comportam de maneira completamente diferente entre os canais de vendas e entre as diferentes marcas.

Para isso, temos um modelo de abastecimento e produção baseados em flexibilidade e responsividade, que é previamente combinado com a rede de parceiros, de forma que seja possível acomodar as variações na cadeia num curto espaço de tempo; isso é fundamental para administrar a variabilidade do varejo.

Comunicação clara, gestão em tempo real, da ponta do varejo e da cadeia, e colaboração com parceiros são fundamentais para o bom gerenciamento da cadeia de abastecimento num modelo multicanal. Combinados com flexibilidade de produção, transportes e estoques, através de acordos logísticos bem definidos, são fatores-chave para o sucesso em uma operação complexa e altamente variável.

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