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Fastmarkets: um olhar para o presente e o futuro do papel e celulose

Nos dias 8, 9 e 10 de agosto, a Fastmarkets voltou a realizar um evento presencial. Ele aconteceu no Hotel Renaissance, em São Paulo, e uniu especialistas internacionais e líderes da indústria da América Latina para analisar o mercado de celulose, papel e embalagens de agora e do futuro.

A Fastmarkets é uma agência de relatórios de preços de commodities cruzadas para os mercados de agricultura, produtos florestais, metais e mineração e transição energética. Faz análises e projeções de mercado, em um setor reconhecidamente complexo e volátil.

A Empapel apurou de perto e destaca os dias 9 e 10 do evento, quando foram discutidos temas essenciais, como mercado de carbono, fusões e aquisições, cadeia logística, inflação e custos, e disponibilidade madeira no Brasil e no mundo.

No dia 9, aconteceu o painel Fibra e Poupa, com debates entre executivos de importantes empresas do setor, como Klabin, representado pelo CEO Cristiano Teixeira; Suzano, com o CEO Walter Schalka; Eldorado, com diretor Comercial e de Logística Rodrigo Libaber; e o vice-presidente da Bracell Per Lindblom. O painel foi moderado por Rafael Barcellos, Head de Metals & Mining, Pulp & Paper para LatAm do Santander.

Os executivos se aprofundaram nos desafios pós-pandemia, e acabaram incluindo o impacto da guerra na Ucrânia e o chamado “super ciclo moderno”; além de falarem sobre como se adaptar às novas tendências de consumo, às pressões inflacionárias e suas consequências para produtores e consumidores, além de questões logísticas globais, incluindo as domésticas, com suas implicações no comércio e possíveis soluções.

Um dos grandes problemas atuais são as cadeias de logísticas globais e a inflação e os custos. Com a pandemia e a guerra na Ucrânia, os economistas ressaltam que as cadeias mudaram. Os países agora procuram parceiros “próximos” e parceiros “que pensem iguais”, em termos ideológicos (que inclui democracia, sustentabilidade, direitos civis e trabalhistas etc.). Na nova lógica parceiros “próximos” podem reestruturar as rotas logísticas e, consequentemente, os preços.

Cristiano Teixeira, CEO da Klabin, lembrou que “diversas companhias marítimas adquiriram novos ativos e isso deve movimentar a cadeia logística nos próximos dois anos. Pode ocorrer uma queda no custo dos fretes”. Ele reforçou que “existem dificuldades”, “mas que todos estão caminhando”.

Os debatedores entendem que o cenário atual é o “novo normal” e que será a realidade daqui para frente. Há quem entenda que a demanda tem crescido e a preocupação passa a ser se manter preparado para o futuro incerto que se apresenta. E foi feito um alerta: a Europa tem feito um ótimo trabalho, assim como os Estados Unidos, mas a América Latina e o Brasil ainda precisam avançar.

Isso porque não há como prever quando as commodities voltarão a ter comportamento normal, então é preciso aprender a viver nesse cenário, que pode perdurar para além do final do ano. A imprensa tem, nos últimos meses, alertado para os estoques globais de celulose, que devem seguir em baixa na metade final de 2022, o que força o preço para cima. Com a demanda da celulose permanecendo em alta, a indústria deve realizar contratos de longo prazo, ao invés de trabalhar no mercado spot.

Os executivos falaram sobre fusões e aquisições, ressaltando que os preços em tissue estão altos, o que tem dificultado o aumento de margens. Mas é possível acreditar nesse setor e que haverá aumento nos lucros se a estratégia for assertiva.

Segundo Cristiano Teixeira, o papelão ondulado faz parte da visão estratégica da Klabin, mas as decisões precisam ser bem pensadas. A empresa fez três aquisições recentes e bem relevantes, uma em Manaus, outra no Paraná e a International Paper.

Esta última possibilitou “uma integração muito bem-feita: absorveu-se quatro mil colaboradores muito bem treinados para nossa operação”. Ele lembra que “o Projeto Figueira entra neste contexto, e existe um ponto de relevância regional importante; a Klabin precisa ter competitividade no Sudeste, maior centro consumidor do país, a fábrica se tornará a maior de papelão ondulado no mundo. Buscamos M&A (fusões e aquisições) sempre visando mais integração”, resumiu Teixeira.

No dia 10, o painel de debates “Mercado e Papel” sobre embalagem incluiu Sergio Ribas, CEO da Irani; Manuel Alcalá, CEO da Smurfit Kappa; além de Paola Medina, CEO da Trupal, do Peru; e Francisco Garcia-Huidobro, Managing Director da CMPC Boxboard. A mediação foi da jornalista Mariana Faleiros, editora da revista Fastmarkets.

Mais uma vez os executivos citaram os desafios pós-pandemia, mas entraram em temas como a volatilidade nos preços das matérias-primas e interrupções contínuas das cadeias de suprimentos, que se tornaram uma forte pressão inflacionária em todo o mundo. Debateram também a demanda do consumidor por sustentabilidade e o crescimento do comércio eletrônico em novas categorias.

Nesse sentido, para Sérgio Ribas, da Irani, “o que determina o preço é a demanda”. E a demanda continua forte, com o crescimento do e-commerce. Embora os debatedores tenham entendido que o comércio eletrônico avançou muito e chegou a um limite, é uma mudança que veio para ficar e seguirá agregando na demanda.

Manuel Alcalá, da Smurfit Kappa, sublinhou que tendo em vista os principais desafios de insumos e projeções do segmento, no mercado de embalagens, a situação está bem controlada. O executivo pontuou que o Grupo Smurfit Kappa se adapta rapidamente em meio às dificuldades, pois trabalha em operações locais para assegurar o abastecimento dos clientes que procuram a matéria-prima no Brasil ou fora dele. Em complemento às projeções de crescimento para o mercado de embalagens, detalhou os anúncios de investimentos feitos pela Smurfit Kappa neste ano e os resultados financeiros do Grupo.

Os participantes entendem que o setor vem se transformando e há a crença de que existe espaço para mais crescimento para todos os players. O futuro apresenta muitos desafios, que podem ser inclusive alterados constantemente ou potencializados por questões geopolíticas e macroeconômicas. Mas o entendimento geral é que esse futuro ainda é promissor.

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