Há outros desafios para o comércio eletrônico brasileiro, além das intempéries econômicas. Uma delas está na questão das embalagens e da logística. A Empapel foi conferir o curso que a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) ofereceu “Embalagem de Transporte e E-Commerce”, com apresentação de Giovani Rissi.
O especialista aponta a importância tanto para o consumidor, preocupado que seu produto chegue inteiro e a contento, quanto para o varejista, que com a melhor embalagem e transporte pode diminuir custos e agradar o cliente final.
Nas unidades de carga, há quatro elementos essenciais para o transporte, segundo o especialista: identificação correta (endereço, nome do comprador, sensibilidade do produto), movimentação (tipos ideais de pallets), contenção (a maneira de agrupar as caixas é primordial para evitar avarias) e estabilização (cujo termo já diz tudo).
É preciso prevenir os choques, que causam avarias e perdas dos produtos, e vibrações no transporte, mas que também podem causar desgastes por fadiga ou danos estéticos. A prevenção é importante, pois durante o transporte pode haver, por exemplo, uma desaceleração brusca ou mesmo uma queda. O ideal, na entrega é o produto estar com suas funcionalidades intactas, não vazar e manter o selo de integridade.
Toda essa lógica gera ou reduz custos. Até mesmo o dimensionamento geométrico da embalagem conta bastante. Uma boa disposição do produto depende de uma embalagem na medida, sem desperdício de papelão ondulado (ou seja, não muito grande).
Vale ressaltar que embora o papelão ondulado seja reciclável, os clientes necessitam de embalagens otimizadas, já pensando na sustentabilidade. Além disso, a disposição do produto em uma embalagem ideal impacta também no volume total a ser transportado e no pallet ideal para manuseio – há de se formar um manual de boas práticas de paletização, com muita disciplina operacional e organizacional.
Ou seja, a nova função das embalagens para e-commerce combina requisitos de transporte, que inclui proteção do produto e comunicação aos transportadores; e interface com o usuário, que incluem o design da embalagem e, tão importante quanto, a chamada “unboxing experience”, ou a experiência que o usuário tem ao desempacotar sua compra. Há, inclusive, centenas de vídeos nas redes sociais sobre o “prazer” de desembalar um produto, com usuários contando suas experiências ao abrir as caixas das suas encomendas.
A “experiência de desempacotar” virou febre entre YouTubers e agora TikTokers, uma tendência com análises críticas de produtos que recebem por encomenda (ou que foram comprados por eles ou que foram enviados pelas empresas), especialmente nas áreas de tecnologia ou de moda. E empacotar certas peças de roupa ou gadgets não é algo fácil.
No curso da ABRE, um case de sucesso sobre como embalar algo é o da Vedaporta® Casagrande. Ele é descrito como “um dispositivo moderno e inovador que veda completamente a fresta inferior de portas. Ao fechar a porta, um plug é pressionado ativando um mecanismo interno patenteado. O sistema de vedação é ativado automaticamente contra a soleira da porta, eliminando sua fresta”.
O produto é sensível e foi preciso criar uma embalagem sob medida para ele, com informações importantes e comunicadas de maneira inteligente, tantos para os operadores logísticos, quanto para o cliente que o receber. Além dos alertas de “frágil”, a caixa específica tem informações de onde abrir e recados amigáveis para o transportador: “amigo transportador, você está auxiliando uma família a tornar seu lar mais seguro e elegante; trate este produto com carinho e tenha um ótimo dia!”. E um outro recado mais objetivo: “se você está lendo esta frase, a embalagem está de ponta cabeça (de cabeça para baixo); desvire-a”.
A comunicação ajuda a manter o produto sob atenção dos operadores logísticos. Mas não é só isso: dentro da caixa, há uma melhor modularidade, proteção e escolha inteligente de materiais. A embalagem e o transporte precisam ser inteligentes e eficientes para o produto, para o transportador e para o cliente.