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Entrevista com Fabiano de Oliveira, Diretor de Pessoas, Estratégia e Gestão da Irani

Graduado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Finanças pela UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina – Fabiano Alves de Oliveira, é Diretor de Pessoas, Estratégia e Gestão da Irani e possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Mestrado Profissional pela Escola de Administração da UFRGS, de Porto Alegre. Iniciou na Irani em 2002, exercendo as funções de Supervisor e Gerente de Controladoria por mais de 10 anos. Em 2014, assumiu o cargo de Superintendente de Estratégia e Gestão até chegar na posição que hoje ocupa na empresa. O profissional é o entrevistado da Empapel News de maio de 2024.

A preocupação com o meio ambiente está no DNA da Irani. O que vem sendo feito em relação ao futuro, nesse sentido? Existe alguma meta a ser comprida?

A Irani conta com um conjunto de ações para preservar o meio ambiente, inclusive com compromissos públicos, desenvolvidos com metas e métricas específicas, alinhados à agenda global proposta pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre essas ações, podemos citar, por exemplo, o objetivo de zerar o envio de resíduos não perigosos para aterros, o qual já avançamos muito. Entre 2021 e 2023, reduzimos o volume em cerca de 50%, passando de 24.185 toneladas em 2021 para 12.497 toneladas em 2023. São diversas iniciativas para conseguirmos atingir esse objetivo. No ano de 2023, por exemplo, realizamos uma mudança no layout da planta de reciclagem, o que possibilitou uma maior absorção do plástico retirado no desagregador – equipamento que faz a separação dos resíduos presentes nas aparas de papel reciclado. Com isso, recuperamos mais plásticos com a finalidade de enviá-los para terceiros utilizarem como matéria-prima, em vez de mandar ao aterro industrial. Avançamos, ainda, na meta de alcançar 100% de geração de energia renovável até 2030 e de reduzir em 30% do uso específico de água por tonelada produzida.

Cabe reforçar que a Irani atingiu nota B na pesquisa do Carbon Disclosure Project (CDP), uma instituição sem fins lucrativos que administra o sistema de divulgação global de gerenciamento de impactos ambientais para investidores, empresas, cidades e regiões. A classificação é resultado de três diferentes questionários ligados à mudança climática, água e florestas. A empresa conquistou, respectivamente, as notas B, B- e B- nas três categorias, demonstrando evolução em comparação às últimas edições.

Estamos vivendo uma crise climática, sem precedentes, e o tema está na pauta de qualquer conversa mais séria sobre as prioridades dos nossos tempos. Qual as medidas adotadas pela Irani em relação a emissões, remoções e saldo de Gases de Efeito Estufa (GEE)?

Nas ações realizadas há mais tempo, os resultados já estão sendo colhidos. As emissões de escopo 1 (Emissões Diretas) e de escopo 2 (Emissões Indiretas por Consumo de Energia) da companhia diminuíram 3,77% em comparação com o ano anterior, com redução de 3,63% nas emissões diretas, fruto da melhor eficiência das plantas industriais, reduzindo a intensidade das emissões por tonelada produzida. Na parte florestal, os nossos 32.700 hectares de florestas plantadas e nativas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram responsáveis pela remoção de carbono da atmosfera equivalente a 92.907 toneladas de CO2e. Em 2023, encontramos oportunidades no mapeamento de fontes de remoções de carbono e estabelecemos parceria com a empresa Bioflore, com a intensão de classificar e mensurar o estágio sucessional de 1.970 hectares de florestas nativas em Santa Catarina e seu potencial de remoção. Esse resultado apresenta uma contribuição significativa para a remoção anual em 8.359 toneladas CO2. Tivemos um aumento de 50% nas remoções florestais, quando comparadas ao ano anterior, isso é atribuído à não redução da base florestal e à manutenção do estoque, principalmente das florestas do Rio Grande do Sul, resultando na incorporação positiva de carbono.

Também em 2023, em conjunto com a startup Quanticum e com a Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF), iniciamos, na base florestal de Santa Catarina, no meio oeste do estado, o projeto de mapeamento de carbono no solo, em 100% das florestas plantadas e nativas. A Irani, assim, se tornou pioneira no setor florestal ao implantar a metodologia de nanotecnologia em solos de florestas nativas para mensuração do carbono estocado, uma vez que essa tecnologia é 100% nacional e patenteada pela Quanticum.

Em alinhamento com a nossa meta ESG de aumentar o saldo entre emissões e remoções em 20% até 2030, quando comparados com o ano base-2021, essa diferença está em 10%. Com base em nossas projeções, temos a expectativa de atingir essa meta antes do prazo.

Em relação à diversidade, qual a evolução quantitativa da empresa, por exemplo, sobre a ascensão das mulheres em cargos de liderança? Existe uma evolução nos últimos anos nesse sentido?

Neste tema, tivemos avanços e conquistas significativas, especialmente se olharmos a partir de 2020. A expectativa até 2030 é de que 40% do quadro funcional da empresa seja preenchido por mulheres e que elas ocupem 50% dos cargos de liderança. Em 2023, alcançamos o percentual de 25% de mulheres no quadro de colaboradores e de 21% de mulheres na liderança.

Para acelerar ainda mais esta jornada, estamos começando na base, ou seja, nas contratações. Em 2023, 47% das nossas contratações no quadro geral foram mulheres e, para cargos de liderança, 50% das contratações foram de profissionais do sexo feminino. Este avanço levou a Irani, por exemplo, a ingressar na carteira do ETF – Teva, primeiro índice referenciado pelo fundo ELAS11 (Safra ETF Mulheres na Liderança), listado para negociação na B3, a Bolsa de Valores do Brasil. Para criação do índice, são levadas em consideração as composições dos conselhos de Administração e Fiscal, Diretoria Executiva e Comitês de Gestão e outros, por exemplo. Em 2023 a Irani se tornou, ainda, signatária dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) da ONU Mulheres.

Adicionalmente, adotamos ações internas que se mostram muito efetivas. Cabe reforçar a iniciativa de Mentoria Feminina, que tem como um dos objetivos fortalecer a autoconfiança e promover a ampliação da consciência sobre o potencial das colaboradoras e as muitas possibilidades de atuação e desenvolvimento de carreira.

A Irani avançou em 2023 no cumprimento das metas, que ela mesma impôs, para o desenvolvimento sustentável. Nos conte um resumo da jornada ESG da empresa?

Mencionamos muitos exemplos e avanços que tivemos nos últimos anos nas respostas anteriores, mas podemos ressaltar, ainda, a conquista da certificação de gestão adequada de resíduos, conferida pelo Instituto Lixo Zero Brasil, para as nossas unidades de papel e embalagens sustentáveis em Santa Catarina. Nas plantas industriais localizadas em Campina da Alegria, município de Vargem Bonita, o índice alcançado foi de 93,38% de resíduos desviados de aterro, recebendo do Instituto a nota “A” em boas práticas de gestão de resíduos.

Apoiamos, também, startups que colaboram para um mundo mais sustentável por meio das nossas iniciativas de inovação. Em 2023, realizamos, em parceria com a Quintessa, aceleradora de startups de impacto, a edição especial do Irani Labs com foco em ESG e selecionamos sete startups que realizaram projetos na Irani voltados para: Resíduos, Mudanças Climáticas, Embalagens Sustentáveis e Diversidade e Comunidades do Entorno. Já por meio da Irani Ventures, aceleramos startups com foco ESG, especialmente ambiental, como na Mush (que desenvolvem embalagens a partir de fungos) e na GrowPack (que transforma rejeitos da agricultura, como palha de milho, em embalagens), por exemplo. Esse foco ESG integra, desde o início, nossa ação de Corporate Venture Capital (CVC). Em 2022, o primeiro aporte foi na Trashin, que tem como foco a gestão sustentável de resíduos.

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