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O e-commerce no Brasil hoje e no futuro próximo

O comércio eletrônico no Brasil não para de crescer, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados. A expectativa é positiva, mesmo com projeções nem tão otimistas para a economia global.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) segue com a declaração de pandemia para a crise da covid-19 e, por isso, comparar os números dos últimos anos, quando a crise sanitária passou a vigorar, é importante. Dados e projeções da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) e da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento de 85% do e-commerce brasileiro, mostram que o faturamento de 2021 do setor ficou em R$ 161 bilhões, acima da expectativa de R$ 110 bilhões. Esse resultado foi 26,9% maior do que o conseguido em 2020.

O tíquete médio de compra em 2021 foi de R$ 455, um valor que não se alterou em relação a 2020 (R$ 453, por compra), entretanto foram 353 milhões de pedidos, alta de 16,9 % em comparação com 2020, mostrando que as pessoas se aproximaram mais da modalidade de compra online.

Os números de crescimento impressionam especialmente em um cenário macroeconômico deteriorado por alta inflação, juros elevados e baixo emprego. Para se ter uma ideia das dificuldades impostas neste ano de 2022, os dados de junho mostram que no mês o índice de vendas online caiu 2,63%, que o índice de faturamento online recuou 5,66% e o tíquete médio ficou 3,10% menor do que o mesmo mês de 2021. A retração consolidada foi de 1,8% em junho.

O segmento de papel ondulado também é um ponto de atenção, afinal a expedição de embalagens indica crescimento ou retração do comércio. O último dado, de junho de 2022, de pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com a Empapel mostra crescimento de 0,4% no mesmo mês de 2021.

O acumulado do primeiro semestre de 2022, a ABComm registra crescimento: faturamento de R$ 73,5 bilhões, alta de 5% em relação ao mesmo período de 2021. Para o segundo semestre do ano, a projeção é de R$ 91,5 bilhões em vendas e se isso se concretizar, 2022 pode fechar com faturamento de R$ 165 bilhões, uma alta de 2,5% em relação a 2021. Mais uma vez, a alta do comércio eletrônico se projeta na alta de expedição de papelão ondulado.

Mas há perspectivas de esse número possa ser superado. A chamada “PEC dos Auxílios”, aprovada pelo Congresso Nacional em julho de 2022, coloca mais R$ 41 bilhões nas mãos dos mais vulneráveis, um dinheiro que deve ir diretamente para o consumo. Segundo a ABComm, as classes C, D e E foram responsáveis por 67,5% das compras em 2021.

As expectativas para o setor, de acordo com a ABComm, são de faturamento de R$ 185,7 bilhões em 2023, R$ 205,11 bilhões em 2024, R$ 222,92 bilhões em 2025, e R$ 232,51 bilhões em 2026. Mas é bom lembrar que o Brasil é um país emergente, o que significa ser muito mais propenso a sofrer impactos de turbulências econômicas mundiais, de modo que tais projeções podem se alterar.

“O varejo online continua com tendência de crescimento, mesmo após a flexibilização das restrições devido à pandemia e a retomada gradual do comércio físico”, ressaltou à imprensa, em abril de 2022, Paulina Dias, líder da área de inteligência da Neotrust.

Outras pesquisas dão a dimensão do tamanho do comércio eletrônico em relação ao varejo total no Brasil. Segundo o Goldman Sachs, o comércio eletrônico deve representar 14% das vendas do varejo em 2022, 0,5 ponto percentual acima do que era em 2021. É um crescimento, mas acende um sinal de alerta, já que é o menor crescimento em percentual desde 2018, quando o banco começou a realizar os comparativos anuais. O Goldman Sachs utiliza dados do IBGE e da consultoria Ebit, além de informações da área de pesquisa do próprio Goldman Sachs.

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